O bibliotecário modernista

Em 1919, diplomado pela Faculdade de Letras de Genebra, Rubens retornou ao Brasil e aproximou-se de Mário de Andrade, com quem a família mantinha laços quase familiares. Chegando da Europa com uma grande coleção de livros modernos na bagagem, de autores que não eram conhecidos no Brasil, Rubens e Mário iniciaram uma amizade consolidada na literatura. Enquanto Borba apresentava a Mário inúmeros escritores franceses, Mário apresentou a Borba autores brasileiros sobre os quais ele não possuía nenhuma informação.

Nesta época, Andrade reunia-se às terças-feiras com os amigos como Rubens, na casa na Rua Lopes Chaves. Desse grupo faziam parte além de Mário, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Luís Aranha, Menotti del Picchia. Juntaram-se mais tarde Tácito de Almeida, Mariano de Camargo de Aranha, Paulo de Nogueira Filho , Vicente de Azevedo, entre outros.

Embora Rubens seja um modernista nato, ele não participou das festividades da Semana de Arte Moderna de 22 por problemas de saúde. Na véspera, foi acometido de uma febre tifoide que o levou a ficar afastado da vida social por um período de quase dois meses.

Entretanto, Rubens atuou consideravelmente na revista Klaxon, fazendo de tudo, desde assinaturas, anúncios e colaborações durante os nove meses de existência da revista.

Em 1924, associado a Tasso da Silveira, Rubens Borba lançou-se no campo editorial. Fundou Candeia Azul, uma casa editora, que publicou apenas três livros, com destaque para uma coletânea de artigos publicados na Klaxon.

A revolução de 1924, um dos levantes armado do tenentismo, eclodiu em São Paulo, sob a liderança do general Isidoro Dias Lopes, explodindo bombas pela cidade que causaram comoção nos cidadãos comuns e literatos modernos que haviam ocupado o centro de São Paulo apenas para uma revolução das artes.

Após o estardalhaço causado em São Paulo, aos modernistas foi revelado a realidade da política nacional e as mazelas da população brasileira que não encontravam ressonâncias das idéias francesas cultivadas pelo grupo.

Foi nesse momento que os modernistas iniciaram um movimento de idéias e formaram uma sociedade de discussões e conferências sobre os artigos publicados nos jornais do Estado de São Paulo, que visavam esclarecer a opinião pública para que clamassem por mudanças no cenário político e econômico brasileiro.

Desta sociedade de discussões participavam além de Borba, Mário e Oswald de Andrade, José Mariano de Camargo Aranha, Sérgio Millet entre outros. O resultado prático destas discussões foi um manifesto que relatava a situação nacional, que conclamava a adesão da população ao movimento. A repercussão intensa e positiva do manifesto publicado no Estado de São Paulo, evoluiu para a criação do Partido Democrático de cunho liberal.

Em 1929, Rubens Borba participou do movimento que desencadearia a revolução de 1930 com conspirador. Foi escalado para ir até Buenos Aires, como representante do Partido Democrático, convidar Luis Carlos Prestes para chefiar o movimento. Entretanto, não conseguiu a adesão de Prestes, que ficou impressionado com o conhecimento do cenário político e econômico brasileiro que Borba possuía.

Esta foi a única participação que teve na Revolução de 1930, pois Borba não acreditava que este movimento conseguisse realizar as reformas necessárias e depois não quis se unir ao grupo de Prestes por que não acreditava na doutrina comunista. Ademais como ele mesmo dizia “nessa época estava interessado mais em amor do que em política”.

Texto de Suelena Pinto Bandeira