RUBENS BORBA ALVES DE MORAES nasceu em Araraquara (SP), em 23 de janeiro de 1899. Fez seus estudos na França e na Suíça. Ao voltar ao Brasil, em 1920, ligou-se ao movimento modernista de São Paulo. tendo participado ativamente e· de forma notável da Semana de Arte Moderna, ao lado de Mário de Andrade, Osvaldo de Andrade, Paulo Prado e outros.
Foi um dos fundadores e redatores das revistas Klaxon e Terra Roxa, que tiveram considerável influência na moderna literatura brasileira. Como bolsista da Fundação Rockefeller estudou Biblioteconomia nos Estados Unidos e foi nesta especialidade que muito se distinguiu.
De 1936 a 1942 dirigiu a Divisão de Bibliotecas do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, tendo promovido a reforma da Biblioteca Municipal e a construção de um edifício adequado à guarda das coleções que tinham aumentado de forma extraordinária.
Em 1940, fundou o pioneiro Curso de Biblioteconomia da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, que dirigiu durante muitos anos e dele foi professor. Foi um dos fundadores da Associação dos Geógrafos Brasileiros, da Associação Paulista de Bibliotecários e da Sociedade Paulista de História.
Transferiu-se em 1944 para o Rio de Janeiro, onde organizou a Biblioteca do Ministério do Trabalho. Dirigiu a Biblioteca Nacional nos anos de 1945 a 1947. Em 1948, participou nos EUA da I Reunião dos Bibliotecários da América, sendo eleito para a Comissão Permanente que então se criou.
Reconhecido como autoridade internacional em sua especialidade, foi nomeado sub diretor da Biblioteca da ONU, cargo que deixou dois anos depois para exercer o de diretor do Centro de Informações da ONU para a Bélgica, França·e Luxemburgo, com sede em Paris.
Em 1954, voltou a Nova Iorque, onde exerceu o cargo de diretor da Biblioteca da ONU até 1959, ano em que se aposentou. Dirigiu também a Biblioteca Histórica Brasileira, de que tomou a iniciativa e ficou constituída por 20 volumes.
Militante do antigo Partido Democrático, fundou com Tácito de Almeida e outros companheiros, a Liga de Defesa Paulista e fez parte das forças que combateram na Revolução Constitucionalista de 1932. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (secretário em 1939), da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasiliense de Letras, da Associação Brasileira de Escritores, da Associação dos professores Universitários de História, membro correspondente da Hispanic Society of America e outras agremiações científicas.
Foi professor titular e, depois, professor emérito da Universidade de Brasília. Recebeu a medalha Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e o grau de grande-oficial da Ordem Ouissan Alaouite. Entre seus trabalhos destaca-se o Manual Bíbliográfico de Estudos Brasileiros (1949), no qual contou com a colaboração do prof. William Berrien, da Universidade de Harvard, e a assistência de Francisco de Assis Barbosa. Além dos trabalhos referidos, publicou:
Le Chevalier au Barizel, em colaboração com Constam Bourquin, drama apresentado em Genebra no Thêatre de Plainpalais, em 1919;
Domingo dos Séculos, ensaios de literatura moderna, Rio de Janeiro, 1925;
Contribuição para a História do Povoamento de São Paulo até fins do século XVII, sep. do Bol. Geográfico, v. III, n.30, São Paulo;
Povoamento de São Paulo nos Séculos XVI, XVII e XVIII, São Paulo, 1943;
O Problema das Bibliotecas Brasileiras, Rio de Janeiro, 1943; 2ª ed. no Boletim Bibliográfico da Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo, v. 42, n.9 1, p. 9-21 , jan./mar. 1981;
Bibliographia Brasiliana -A Bibliographic Essay or Rare Books on Brazil, Amsterdã, 1958/59; 2ª ed., rev. e ampl., Los Angeles, 1983;
Bibliografia Brasileira do Período Colonial, São Paulo, 1969 (incluída na 2ª ed. da Bibliographia Brasliana);
O Bibliófilo Aprendiz, São Paulo, 1965; 2ª ed., 1975; e
Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial, São Paulo, 1979.
Rubens Borba Alves de Moraes foi um grande colecionador: deixou a maior biblioteca de livros raros sobre o Brasil, que foi destinada à Biblioteca José Mindlin – Centro Internacional de Estudos Bibliográficos e Luso-Brasileiros. Passou os últimos anos de vida em sua chácara de Bragança Paulista, dedicado a colecionar livros raros. Faleceu em 2 de setembro de 1986.
Texto de Suelena Pinto Bandeira