Por Suelena Pinto Bandeira
“Há verdades que precisam ser ditas, embora quem as diga fique passando por malcriado e intrometido”
“Hoje em dia, abrir uma biblioteca não é mais fechar uma prisão. A biblioteca deixou de ser um hospital de almas para se tornar simplesmente uma oficina de trabalho, que pode ser utilizada por qualquer cidadão, indiferentemente, até por gangters”.
“Para falar com franqueza, as nossas bibliotecas não são bem bibliotecas. São, ainda, em geral, depósitos de livros, mais ou menos organizados, bem ou mal conservados. Não têm a função ativa que deveriam ter. Os livros estão trancados e pouquíssimas bibliotecas brasileiras permitem o livro acesso às estantes”.
“Segundo o meu modo de ver, o problema não é tanto de fundar novas bibliotecas, mas de reorganizar e remodelar as já existentes. Precisamos recolocar muitos parafusos fora do lugar, azeitas as engrenagens e tocar a máquina para frente”.
“Uma biblioteca a mais não resolve o problema de um centro cultural. Necessitamos é de um sistema de bibliotecas, trabalhando em conjunto, uma suprindo a deficiência das outras”.
“O que precisamos é criar e organizar bibliotecas modernas, equipadas para atender não somente ao povo ou às elites, mas a todo cidadão”.
“A preocupação técnica exclusiva é tão prejudicial quanto a sua inexistência. O bibliotecário moderno deve ser um misto de técnico e de intelectual. A sua preocupação principal não deve ser datilografar fichas perfeitas, segundo um código de catalogação, mas conhecer o conteúdo dos livros que possui, ser um guia intelectual do leitor. Muitos bibliotecários esquecem que a principal coisa, na biblioteca, pra o leitor, é o livro e não a técnica que se empregou para catalogá-lo e classificá-lo.
“O bibliotecário moderno, repito, é um intelectual e um técnico. A cultura, ele adquire em primeiro lugar, antes de entrar para a escola técnica, na universidade e fora dela, lendo e estudando os conhecimentos humanos em perpétua transformação. É por isso que julgo um erro colocar à frente de bibliotecas não só eruditos sem preparo técnico, mas também técnicos sem erudição”.
“Que tal um curso de sobrevivência na selva aplicado à Biblioteconomia? Duas matérias parece-me que deveriam ser introduzidas com urgência: a de custos operacionais e a de bom senso”.
“Não sou contrário ao progresso tecnológico, não quero que nossas bibliotecas fiquem paradas olhando embasbacadas para o que se faz nos países ultra adiantados. Mas sei que uma casa não se constrói começando pelo telhado. Executar esses planos mirabolantes é jogar dinheiro fora, é ter para inglês ver, para mostrar para turistas. Há outros meios mais baratos de se incentivar o turismo”.