Neusa Dourado Freire

Neusa Dourado Freire é natural de Paratinga, no Estado da Bahia. Iniciou sua vida profissional em como professora do ensino fundamental na Secretaria de Educação do DF.    Formou-se em Biblioteconomia, na lª turma da UnB, em 1968, e passou a exercer a função de bibliotecária no GDF.

Nessa atividade, atuou em três áreas: biblioteca escolar, especializada e pública, destacando-se na gerência do Centro de Documentação do extinto Ministério do Interior e na Coordenação do Programa de Bibliotecas (Públicas) da Secretaria de Cultura do DF.

Convicta da grande importância da leitura na formação dos jovens e adultos, criou o “Programa Mala do Livro: Bibliotecas Domiciliares”, para oferecer, principalmente às populações carentes do DF, fácil acesso aos livros, tendo-se inspirado no trabalho da bibliotecária francesa Geneviève Patte, que levava cestas de livros às crianças nas praças de Clamart, subúrbio de Paris.

O Programa adota as 5 leis do matemático e bibliotecário indiano Ranganatan, que traçou os princípios básicos da Biblioteconomia mundial em 1931, ainda atualíssimos nesta era da Internet:

1) livros existem para serem usados;

2) a cada leitor, o seu livro;

3) a cada livro, o seu leitor;

4) poupe o tempo do leitor; e

5) uma biblioteca é um organismo em crescimento.

Ele, que foi considerado o pai da Biblioteconomia na Índia, focalizava o leitor como o objetivo principal no exercício de qualquer atividade da área. Para levar os livros à biblioteca domiciliar é utilizada uma mala  que se transforma em estante.    A mala, de madeira, tem, unidas por dobradiças, 2 partes com 4 divisões cada (onde ficam os livros), e cujos lados abertos podem fechar-se um contra o outro. Comporta uns 150 livros, escolhidos após um cadastramento para identificar a leitura de interesse dos usuários da vizinhança da casa onde ela viria a ficar, sob os cuidados do “agente de leitura” selecionado naquela comunidade.

No projeto original, além da leitura, Neusa preocupou-se em oferecer às crianças recortes de revistas para ilustração de seus trabalhos escolares, e, às donas de casa, receitas de culinária e instruções de artesanato ensinando trabalhos que lhes proporcionam melhoria da renda familiar.  Também acompanhavam as malas jogos e peças de adorno para o lar.

Com 19 anos de sucesso e dirigido atualmente por uma equipe multidisciplinar da Secretaria de Cultura objetivando resultados, o Programa conta hoje com 502 malas e 93.900 leitores aproximadamente.

Pelo Decreto 17.927/96, passou a chamar-se “Programa Mala do Livro: bibliotecas domiciliares Neusa Dourado”, como forma de reconhecimento do Governo do DF, que lhe concedeu ainda:

– a Medalha do Mérito Buriti;

– a Medalha do Mérito Alvorada;

– a Medalha do Mérito Brasília; e

– a Comenda do Mérito Cultural.   

Neusa foi também agraciada:

– pelo Conselho Regional de Biblioteconomia da 1ª Região – com a Medalha “Rubens          Borba de Moraes – Honra ao Mérito Bibliotecário”;  e

– pela Câmara do Livro do DF – com a Medalha “Primus Inter Pares”.

O Programa recebeu da Fundação Biblioteca Nacional/PROLER o prêmio “Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura para Crianças e Jovens de todo o Brasil, 1999”.

Ela aposentou-se em 1995 e foi Patrona da 24ª Feira do Livro de Brasília, 2005.

De religiosidade e fé inabaláveis, Neusa , com seu marido Amaro aqui presente, dedicam-se à Mãe Peregrina (Nossa Senhora de Shoenstat) e à família, em especial aos netos.

Produz peças de artesanato utilizando várias técnicas, com destaque para as tapeçarias em 3 dimensões.