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Estudo sugere política nacional de leitura para enfrentar analfabetismo funcional

Consultora legislativa comenta pesquisa que aponta que 43% dos brasileiros não leem por “falta de tempo”. Números também revelam que mulheres leem mais do que os homens

Apenas 25% dos brasileiros dominam plenamente a leitura. Mais da metade dos estudantes do País (exatamente 51%) estão abaixo do chamado nível 2 da atividade, o que significa dizer que ainda não são considerados leitores plenos. E 43% das pessoas entrevistadas pela pesquisa “Retratos da Leitura”, feita em 2015, afirmam que não leem por “falta de tempo”.

Pedro Ventura/Agência Brasília
Educação - livros - biblioteca leitura

Esses e outros números foram apresentados, nesta terça-feira (13), pela consultora legislativa Cláudia Nardon, durante palestra sobre políticas públicas para a formação de leitores no Brasil. O evento foi promovido pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.
A consultora da Câmara considerou os dados muito ruins e defendeu uma mudança no enfoque das ações governamentais. “É preciso preparar o sujeito para ser leitor. Mais foco na demanda, ou seja, nas pessoas, do que na oferta”, explicou. “Quando 43% das pessoas dizem que não leem por falta de tempo, pensamos que é uma resposta muito subjetiva, pois sabemos que o nosso tempo pode ser administrado”, acrescentou.
Ela lembrou que tramitam na Casa dois projetos de lei que podem ajudar a mudar esse quadro: o PL 5270/16, do Poder Executivo, e o PL 7752/17, do Senado. Ambos instituem uma Política Nacional de Leitura e Escrita.
Para Cláudia Nardon, as duas propostas podem criar ferramentas legais para a redução do analfabetismo funcional no Brasil, que hoje atinge cerca de 27% da população, conforme o Instituto Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf).
Estudantes
Segundo a consultora, enquanto a nota média dos estudantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no quesito leitura foi de 493 pontos no teste PISA de 2015 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), os alunos brasileiros alcançaram apenas 407 pontos de média. “É uma diferença muito grande”, apontou. Ela acrescentou que a nota nacional vem subindo nos últimos quinze anos, mas muito lentamente, o que pode aumentar ainda mais a disparidade entre os aprendizes brasileiros e os de outros países.
Outro número citado por Cláudia Nardon é sobre o universo de leitores e não leitores no Brasil. Com base na pesquisa “Retratos da Leitura”, a consultora informou que o Brasil possuía há dois anos 104,7 milhões de leitores, enquanto a população de não leitores era de 88 milhões de pessoas. É um número alarmante, mas já foi pior.
Conforme o mesmo estudo, a população leitora passou de 50% para 56% do total, ou seja, o número de pessoas consideradas leitoras pela pesquisa subiu de 88,2 milhões em 2011 para 104,7 milhões em 2015. “Estamos falando de 16 milhões de pessoas ou uma vez e meia a população de Portugal”, comemoram os organizadores do “Retratos da Leitura”, encabeçados pelo Instituto Pró-Livro.
Mulheres
Outro dado destacado pela consultora mostra que as mulheres estão lendo mais do que os homens. Pela “Retratos da Leitura”, também de 2015, 59% das mulheres são leitoras, enquanto o índice entre os homens é de 52%. A boa notícia, ponderou, é que os homens vêm reduzindo essa diferença: em 2011, apenas 44% dos homens eram leitores.

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