A notícia veiculada pelo jornal O Globo em 1 de junho de 2021, acerca do desfazimento de parte do acervo bibliográfico da Fundação Cultural Palmares por alegada motivação ideológica, causa espanto e preocupação. Embora o CRB1 não tenha ingerência direta sobre o patrimônio bibliográfico das instituições, tendo em vista que somos legitimados para fiscalizar o exercício profissional da Biblioteconomia, entendemos que não podemos permanecer impassíveis diante da situação relatada.
Da nossa parte, solicitaremos uma audiência junto à Fundação Cultural Palmares para que possamos entender o que se sucede com a gestão bibliográfica daquela instituição e, então, tomarmos providências como garantir que o acervo desfeito, caso seja esta a real situação, possa ser incorporado por outra instituição pública que garanta o amplo acesso ao material. Lembramos da importância histórica da Fundação Cultural Palmares, criada em 1988, nos esforços que visam fortalecer à cidadania, à identidade, à ação e à memória dos segmentos étnicos dos grupos formadores da sociedade brasileira, além de fomentar o direito de acesso à cultura e à indispensável ação do Estado na preservação das manifestações afro-brasileiras.
Acrescentamos que as condições do patrimônio bibliográfico do Centro-Oeste são de interesse do CRB1, tendo em vista o valor inestimável que esses acervos alcançam junto à memória nacional e o papel bibliotecário atrelado à preservação de tais acervos. Neste sentido, no último mês de abril, participamos de uma audiência pública na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, à convite da deputada Erika Kokay, para debater encaminhamentos necessários à concepção de políticas públicas direcionadas à manutenção e preservação do patrimônio bibliográfico. No âmbito da nossa jurisdição, partimos para a construção de, pelo menos, um grupo de trabalho que deverá levar sugestões de políticas ao gabinete da referida parlamentar.
