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Livros eletrônicos: como fazer citações?

Blog de Literatura - Livros eletrônicos: como fazer citações?
Os livros eletrônicos – os tais dos ebooks – começam a ganhar espaço no Brasil. Já existem para venda nacionalmente, ao menos, dois leitores bem conhecidos no exterior: Kindle e Kobo. O primeiro, com vendas no site da Amazon Brasil; o segundo, comercializado pela Livraria Cultura.
Sim, estamos atrasados. A primeira versão do Kindle, por exemplo, foi lançada em 2007, trazendo diversas polêmicas e inseguranças no mercado editorial. Não lembro a data, mas algum tempo depois comprei o meu aparelho, pedindo a uma amiga que o trouxesse dos Estados Unidos (naquela época, a Amazon nem fazia ideia de quando viria ao Brasil). Testando-o, percebia pontos positivos e negativos em relação ao impresso. Mas, em geral, gosto de usá-lo. Mas também não deixei de comprar livros em papel. À época, claro, para livros brasileiros opções em ebooks eram inexistentes. Para livros em inglês, especialmente, era a melhor forma: nada de comprar mais obras em papel importadas e caras.
Comecei a perceber um excelente uso do livro eletrônico: para estudos acadêmicos. Às vezes nos damos conta de, às vésperas de entregar um artigo, por exemplo, precisar complementar alguma informação com um livro específico. Antes de um Kindle ou Kobo, as opções eram: procurar desesperadamente em bibliotecas e livrarias ou pedir emprestado. E se o livro não tivesse tradução para o português, aí vinha a dor de cabeça. Com um Kindle, resolvi isso fácil uma vez. Comprei-o em segundos pelo site da Amazon e em menos de 1 minuto já começava a leitura. Nada de esperar prazo de entrega ou ligar para as livrarias.

 
Blog de Literatura - Livros eletrônicos: como fazer citações?
Os livros eletrônicos – os tais dos ebooks – começam a ganhar espaço no Brasil. Já existem para venda nacionalmente, ao menos, dois leitores bem conhecidos no exterior: Kindle e Kobo. O primeiro, com vendas no site da Amazon Brasil; o segundo, comercializado pela Livraria Cultura.
Sim, estamos atrasados. A primeira versão do Kindle, por exemplo, foi lançada em 2007, trazendo diversas polêmicas e inseguranças no mercado editorial. Não lembro a data, mas algum tempo depois comprei o meu aparelho, pedindo a uma amiga que o trouxesse dos Estados Unidos (naquela época, a Amazon nem fazia ideia de quando viria ao Brasil). Testando-o, percebia pontos positivos e negativos em relação ao impresso. Mas, em geral, gosto de usá-lo. Mas também não deixei de comprar livros em papel. À época, claro, para livros brasileiros opções em ebooks eram inexistentes. Para livros em inglês, especialmente, era a melhor forma: nada de comprar mais obras em papel importadas e caras.
Comecei a perceber um excelente uso do livro eletrônico: para estudos acadêmicos. Às vezes nos damos conta de, às vésperas de entregar um artigo, por exemplo, precisar complementar alguma informação com um livro específico. Antes de um Kindle ou Kobo, as opções eram: procurar desesperadamente em bibliotecas e livrarias ou pedir emprestado. E se o livro não tivesse tradução para o português, aí vinha a dor de cabeça. Com um Kindle, resolvi isso fácil uma vez. Comprei-o em segundos pelo site da Amazon e em menos de 1 minuto já começava a leitura. Nada de esperar prazo de entrega ou ligar para as livrarias.
Mas outro problema surgia. Nossa maneira de citar em trabalhos acadêmicos está baseada no impresso. Até os arquivos eletrônicos, em formato pdf, baseiam-se em páginas. É sempre ao estilo (FULANO, 2003, p.10), mesmo que seja um arquivo digitalizado. Em um leitor eletrônico, no entanto, o funcionamento é diferente. O texto se adapta ao tamanho de tela, de letra, torna-se bastante maleável. Não há páginas fixas. O Kindle, por exemplo, funciona com “locations“. Fazemos referência à localização de um trecho, e não de uma página. Faz sentido e torna a busca muito mais rápida e simples: afinal, não há “páginas” em um ebook.
É nesse momento que surge o problema. Como faríamos uma citação? A partir da localização? (FULANO, 2003, l.10). Seria uma boa solução, mas não há consenso. E, claro, a ABNT parece nem estar se preocupando com os livros eletrônicos – ao menos, não há nenhuma mudança em vista em relação a esse tema. E mesmo fora do campo acadêmico, como citar, por exemplo, um trecho que gostamos de um romance?
Em um artigo em seu blog, em 2010, o pesquisador e professor da UFBA André Lemos discute essa questão e chega a uma conclusão: “Acho que, infelizmente, ainda, para os livros acadêmicos que tenham versão impressa, teremos que sair de casa e ir buscar na livraria ou biblioteca o livro, fuçar as páginas e localizar exatamente a passagem escolhida”. Ou seja, enquanto não houvesse uma solução para citar a partir da “localização”, ler um ebook simplesmente não faria sentido, já que, para citações, teríamos que recorrer de qualquer forma à versão impressa.
Ainda em 2010, a Amazon resolveu parcialmente esse problema. Além da location, grande parte dos livros para Kindle passou a indicar também a “página”, fazendo referência à edição em papel. É uma solução bastante conservadora, entendendo o livro impresso como se fosse uma espécie de referência original. No entanto, soluciona bastante nossos problemas. A citação continua, então, no mesmo formado (FULANO, 2003, p.10).
Tudo solucionado, certo? Não. Primeiro, devemos lembrar que existem livros sem edição em papel, e isso deve se tornar cada vez mais comum. E, de qualquer forma, não seria estranho fazermos referência a um livro impresso quando estamos lendo um em outro formato, completamente diferente? Em segundo lugar, parece que muitas editoras brasileiras se esqueceram da importância de se pensar no uso acadêmico de seus livros digitais.
Esse tema me ocorreu porque fui, pela primeira vez, utilizar a loja brasileira da Amazon. Comprei um livro que precisava com urgência para minha monografia, editado pela Companhia das Letras, e comecei a leitura em alguns minutos em meu aparelho Kindle (aquele mesmo comprado anos atrás). Em pouco tempo de leitura, me dou conta de que não há referência às páginas do impresso, apenas as “localizações”. Mandei e-mail para a Amazon Brasil, tendo uma resposta com rapidez, explicando que eu deveria ficar atento às observações sobre cada livro no site, que indicariam a presença das “páginas” ou não. Fazendo uma busca rápida não encontrei um único exemplar da Companhia das Letras que contivesse esse tipo de indicação. E boa parte das outras editoras estava no mesmo caminho.
Aquele livro digital, para mim, não fazia sentido. Precisaria de qualquer forma de uma edição impressa para poder citá-lo em um trabalho acadêmico. Expliquei a situação para a Amazon, que logo no dia seguinte cancelou minha compra, devolvendo o dinheiro.
Ainda assim, não resolvi meu problema. Liguei para livrarias perto e nenhuma delas contava com aquele livro em seu estoque, apenas para “encomenda”. Encomendá-lo e esperar mais de uma semana para começar a ler era justamente o que eu não queria. Resultado: comprei a edição em inglês. Não era o ideal, mas foi a solução mais viável para mim naquele momento. Poderia fazer citações a partir das “páginas” e paguei bem mais barato.
Claro, não imagino que fazer referência a uma página impressa, como se ela fosse de fato a original, soluciona o problema. Muitos dos livros, inclusive, possuem o “original” criado de forma digital, depois sendo transformado em obra impressa. Se as referências por página dependem sempre da editora, edição e ano de publicação, por que não poderíamos definir um novo padrão para leitores de ebooks? De qualquer forma, a solução, mesmo que parcial, encontrada para o Kindle deveria ser levada em conta pelas editoras brasileiras. A Companhia das Letras é uma das que se preocupam em oferecer seus livros também em formato digital, mas parece ter se esquecido de uma questão importante: vários de seus leitores precisam fazer citações.
Em resumo:
– Se você não se importa (ou não precisa) em fazer referências, esqueça o problema e compre o livro que quiser. Já há diversas edições digitais, de várias editoras brasileiras, seja para Kindle ou Kobo.
– Caso você busque um livro para uso acadêmico (ou simplesmente gosta ou precisa citá-lo), preocupe-se em, antes de comprá-lo, perceber se há referência às páginas do impresso.
(Fonte reprodução: Leonardo Pastor – Blog de Literatura)
 

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